A ESTRUTURA QUÍMICA DOS CABELOS E A IMPORTÂNCIA DO PH
A estrutura química dos cabelos é basicamente constituída por proteínas ligadas entre si formando longas cadeias através de diferentes ligações: ligação de hidrogênio (próximas da raiz), ligação iônica (no comprimento dos fios) e ligação de dissulfeto (nas pontas). A parte externa do fio é formada por uma camada protetora chamada de cutícula capilar, cujo pH é levemente ácido. Isso significa que os produtos que você passa nos cabelos devem ser compatíveis com esse índice, ou seja, levemente ácidos ou no máximo neutros. Os produtos com pH alcalino farão com que as cutículas dos fios do seu cabelo se abram, deixando-os difíceis de pentear e opacos.
Os shampoos possuem a função de limpar o couro cabeludo e os fios da poluição e outros resíduos que se acumulam no dia a dia, mas além disso também podem tratá-lo. O primeiro passo para escolher o melhor shampoo é conhecer o seu tipo de cabelo. Em seguida procure saber sobre o pH do produto. Por fim, observe os ingredientes presentes na composição e observe se há componentes que cuidam dos fios, dando preferência para aqueles que não tem derivados de pétroleo, silicones, sulfatos agressivos e parabenos. Essas considerações também são válidas para os condicionadores.
Observe a seguir como a variação do pH influencia no comportamento dos fios. Quanto mais alcalino for o produto, mais as cutículas ficam abertas e consequentemente há menos brilho e maciez. Quanto mais próximo o produto estiver de um pH levemente ácido, mais os cabelos tendem a ficar brilhantes e macios.
CONHECENDO O SEU TIPO DE CABELO
Liso, ondulado, cacheado e crespo: você certamente já ouviu falar nessas definições para caracterizar os diferentes tipos de cabelos. Sabia que além desses quatro tipos é importante também considerar a curvatura dos seus fios?
Reunimos a seguir as características dos principais tipos de fio encontrados no Brasil, com suas respectivas curvaturas. É importante frisar que essa classificação é uma ferramenta para auxiliar você no seu próprio conhecimento, do ponto de vista prático e visual. Essa divisão, no entanto, embora muito utilizada por diversos profissionais, não foi ainda validada cientificamente e para que seja tratada com precisão é necessário fazer uma avaliação com aparelhos digitais e profissionais devidamente qualificados. Vamos lá? Os principais tipos de fio são:
– Tipo 1: liso, escorrido, com fios finos e pouco volume. Normalmente é oleoso e costumam ser lavados diariamente. Sua variação se dá conforme a espessura do fio, que vai do bem fino (A) ao mais grosso e pesado (C).
– Tipo 2: trata-se de fios que possuem alguma ondulação, normalmente em formado de “S”, que crescem gradualmente (A, B ou C). Não é aquele cabelo liso escorrido, mesmo que seja discreta, é possível observar uma ondulação. A oleosidade nos fios vai diminuindo do tipo A ao C e os fios podem apresentar um pouco de frizz e volume. O tipo 2C, por exemplo, é aquele que insinua um cacho, mas não cria o formato de mola.
– Tipo 3: cabelos cacheados, alguns podem ter a raiz oleosa, e esta é mais solta e volumosa. O comprimento dos fios pode apresentar ressecamento, já que a oleosidade do couro cabeludo não consegue alcançar toda a extensão dos fios. Os tipos A, B e C variam de acordo com a abertura dos cachos, que vai do mais aberto para o mais fechado. O volume também sofre uma variação importante, passando do menos volumosos (A) para o mais volumoso (C).
– Tipo 4: cabelos com cachos bem pequenos. Tendem a ser mais ressecados porque a oleosidade natural encontra mais dificuldade para se espalhar pelos fios. Os óleos vegetais costumam ser os melhores aliados de quem tem esse tipo de fio, pois são uma forma bastante eficaz de nutri-los. Do tipo A ao tipo C, a variação se dá pelo formato dos cachos, que vão do bem fechado, porém definido e estruturado (A), passando pelos cachos quase imperceptíveis de tão miúdos, com muito volume e frizz (B), até chegar ao cabelo cujos cachos se aproximam mais de uma curvatura em formato de “Z” e sofrem mais com o encolhimento quando estão secos (C).
– Tipo 5: Esse tipo de cabelo caracteriza-se por ser um fio ultratexturizado que não forma cachos, mesmo se for usado um produto para dar definição ou se os cabelos estiverem molhados. É também um tipo de cabelo ultravolumoso. A principal forma de cuidar desse fio é fazendo umectações com óleos vegetais. Eles não devem ser lavados diariamente porque são mais secos e podem quebrar com facilidade. É possível fazer no-poo (não usar shampoo, lavando apenas com condicionador).
É importante ter em mente que na sua cabeça pode existir mais de um tipo de fio, ou seja, existem diferentes texturas, mas há uma que predomina. Conhecer a característica do fio que predomina no seu cabelo fará toda a diferença na escolha dos produtos mais adequados para você e no modo como você deve finalizá-los.
QUAL A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE USAR SHAMPOOS E CONDICIONADORES SÓLIDOS E LÍQUIDOS?
É possível encontrar bons produtos nos dois formatos, porém há o que consideramos como principal diferencial nos dois produtos: a presença de água na composição. Os produtos líquidos tem mais de 50% de sua composição formada por água. Na grande maioria esse percentual passa de 80%. Isso significa que a concentração daqueles ingredientes que você vê na foto e lê no rótulo é bem pequena, já que além de água os tensoativos responsáveis pela limpeza dos fios, no caso dos shampoos, e agentes condicionantes, no caso dos condicionadores, estão em segundo lugar na concentração do produto, restando um pequeno percentual para os ativos naturais e sintéticos utilizados nos produtos industrializados.
Os shampoos e condicionadores sólidos são altamente concentrados. Neles há quantidades consideráveis de ativos que cuidam e nutrem seus fios, ou seja, de manteigas vegetais, óleos vegetais e essenciais, além de proteínas e outros ativos naturais que se somam ao tensoativo ou agente condicionante. Na maioria dos casos, pelo menos 50% de um shampoo sólido produzido de forma artesanal e natural é de ativos de origem vegetal.
Um shampoo não saponificado ou condicionador sólido duram, em média, 3x mais que um shampoo líquido. Uma vantagem decorrente da característica sólida é o fato de o produto dispensar a embalagem plástica. Além disso, são muito práticos para levar em viagens. Você pode colocá-lo na mala tendo a certeza que não irá derramar em nenhum dos seus pertences. Praticidade que fala, né?
SHAMPOO SAPONIFICADO OU NÃO SAPONIFICADO?
Quando você busca por um shampoo natural a opção mais frequente são os saponificados, ou seja, um produto obtido através do processo de saponificação, como um sabonete (muitas vezes ele é chamado de Xapunete). A outra opção, que nos últimos anos tem até sido mais difundida no mercado, é o shampoo em pastilha, não saponificado, feito com tensoativos à base de coco. Você sabe a diferença entre eles e como escolher o melhor produto para você?
Primeiro há de se considerar a forma como os dois produtos são elaborados. Os processos como são feitos já nos dão pistas sobre a diferença entre os produtos e a adaptação dos mesmos aos cabelos.
Shampoos saponificados
Esse é um produto obtido a partir de óleos e manteigas vegetais combinados com uma substância fortemente alcalina. A saponificação é justamente esse processo em que uma substância alcalina neutraliza os ácidos graxos dos óleos produzindo o sabão. Para saber se é um produto adequado para os cabelos é importante estar atenta aos componentes presentes na fórmula e o seu pH final.
Cada sabão feito de forma artesanal contém as características das gorduras que são utilizadas na formulação. Fórmulas bem equilibradas consideram o que se deseja ter com o melhor resultado levando em conta a dureza, a emoliência e a cremosidade da espuma, por exemplo.
Um produto pensado para os cabelos não pode ser excessivamente limpante para não agredir os fios, então é muito comum que sejam usadas manteigas ou óleos vegetais reduzam essas propriedades do sabão.
Embora seja possível escolher os componentes da formula de forma detalhada e cuidadosa, uma característica que dificilmente pode ser modificada é o pH alcalino de que resulta o processo de saponificação, geralmente entre 8-10. Algumas pessoas não vão ter problema com essa questão, mas as que tiverem o couro cabeludo mais sensível ou alguns tipos de fio encontrarão um pouco de dificuldade para se adaptar, já que o pH dos cabelos é levemente ácido, entre 4-6.
Sabão Shampoo Humã, da Uapé
Shampoos não saponificados
Os shampoos em pastilha ou em barra, que não são feitos como um sabonete, utilizam um tensoativo suave a base de coco em sua composição. O surfactante que você vai encontrar mais comumente descrito nos rótulos dos produtos é o Cocoíl Isetionato de sódio (SCI), mas é possível também encontrar o Sodium Coco Sulfate (SCS) e o Lauril Sulfoacetado de sódio (SLSA). A vantagem desses surfactantes é o fato de serem suaves, com alta compatibilidade dérmica, sensorial gentil e espuma cremosa. A produção deles se dá através da síntese dos ácidos graxos presentes do óleo de coco com o ácido isetiônico, por exemplo, no caso do SCI. Isso significa que trata-se de um componente processado, mas com origem natural.
Os shampoos sem saponificação permitem uma seleção criteriosa dos ativos utilizados na fórmula (óleos vegetais, manteigas, vitaminas, etc.), além de um ajuste mais seguro do pH. Isso implica em um produto mais equilibrado e compatível com os diferentes tipos de cabelo, já que ele pode estar mais bem adaptado às condições naturais dos fios. Eles são especialmente mais indicados para quem tem o couro cabeludo sensível ou fios muito finos.
Shampoos não saponificados, da Uapé
QUAL MELHOR PRODUTO PARA O MEU CABELO?
Se você precisa de um produto com maior poder de limpeza, os shampoos saponificados são uma boa alternativa para você, mas lembre-se que a adaptação pode ser um pouco mais demorada e o ideal é não usá-lo numa rotina diária. Outra vantagem do produto saponificado é que geralmente o seu valor é mais em conta.
Para quem quer pular a etapa da adaptação e quer um produto que limpe bem e também tenha mais ativos que garantam hidratação e nutrição para os fios, os shampoos não saponificados (em pastilha) são a melhor opção.
Em ambos os casos recomendados fortemente o uso de um condicionador para selar as cutículas dos fios.
Embora os shampoos não saponificados tenham mais dureza e consequentemente maior durabilidade, assim com os saponificados não devem ser armazenados em recipientes fechados, ficar em contato direto com a umidade ou em locais muito quentes. O ideal é deixar o seu shampoo, seja qual for a sua preferência, sobre uma esponja vegetal ou saboneteira com furos.
Para te ajudar, listamos algumas combinações possíveis para saber qual dos nossos shampoos é o mais adequado para você.
Cabelos crespos (4A a 4C):
Shampoo Guajeru + condicionador Inhacundá
Cabelos cacheados/ondulados (3A a 3C):
Shampoo Yapira + Condicionador Ynhangaba
Cabelos mistos (2C a 3A)
Guaraciaba + Ynhangaba
Cabelos mistos (1 a 2B):
Guaraciaba + Tiquira
Cabelos oleosos (1 a 2B):
Jaciguá (cabelos curtos / cabelos bem oleosos) ou Ynhã + Tiquira (cabelos compridos ou ondulados)
Cabelos em transição e/ou que precisam de um detox (1 a 3A):
Ynhã + Ynhangaba
Cabelos mistos ou oleosos que precisam de mais limpeza: Shampoo Jaborandy + Condicionador Tiquira (1 a 2C) ou Condicionador Ynhangaba (3A)
Cabelos com dreadlocks ou trançados
Shampoo Humã
OBS: por que não indicamos aqui um condicionador? Quem tem dreadlocks não deve usar condicionador porque ele pode contribuir para que o formato dos dreads se desfaça. No caso dos cabelos trançados, é possível usar condicionador, desde que seja em pequena quantidade e apenas no comprimento.
Esperamos ter te ajudado a conhecer um pouco mais sobre o seu cabelo. Além das dicas que demos aqui é importante considerar o que e como você prefere as suas madeixas. Os cortes, penteados e caimentos dependem do seu fio e do seu gosto. Um bom produto e um corte que valorize o seu rosto podem ser ótimos aliados, mas a beleza vem de você.